11 de agosto – Dia do advogado

É impossível em nossa sociedade encontrar alguém que que não tenha uma visão sobre a figura do Advogado. Seja ela caricata criada por séries, novelas e filmes. Ou quem sabe uma mais próxima da realidade caso algum dia você tenha precisado do seu auxílio e socorro.

Para uns é aquele povo chato que fala complicado, que defende bandido e só serva para atrapalhar as coisas. Para outros a luz no fim do túnel, um porto seguro no meio do caos que está passando.

A única certeza que temos é que o Advogado é indispensável para administração da Justiça. Sem a sua presença não há como se falar em justiça, não há como trabalhar a ideia de uma sentença justa, construída com o auxílio das partes, dentro de um contraditório, em um Estado Democrático de Direito.

No dia de hoje muitos reverenciam a afirmação que a advocacia não é uma profissão para covardes, como disse brilhantemente Sobral Pinto, e realmente não é.

Para entender tal coragem é necessário entender o lugar do outro nesse cenário, o personagem principal nessa história, a figura do réu:

“À solenidade, para não dizer à majestade, dos homens de toga contrapõe-se o homem no cárcere. Não esquecerei nunca a impressão, que deste tive a primeira vez na qual, ainda adolescente, ingressei na Corte de uma seção penal no tribunal de Turim. Aqueles, dir-se-ia, sobre o nível do homem; este, em baixo, preso na cela, como um animal perigoso. Sozinho, pequeno, apesar de sua elevada estatura; perdido, ainda que procurasse ser desembaraçado; pobre, miserável, necessitado…” (CARNELUTTI).

Essa visão de Francesco Carnelutti em “As misérias do processo penal”, não se restringem apenas aos réus que estão no cárcere. O peso de uma acusação penal na maioria das vezes vem com essa força, capaz de colocar o mais forte dos homens em um nível a baixo, pequeno, perdido, desamparado, necessitado e muitas vezes sozinho e abandonado. Mostrando que sua principal necessidade não é um auxilio físico, mas muitas vezes um suporte emocional.

 “O preso é, essencialmente, um necessitado. A escala dos necessitados, foi traçada naquele sermão de Cristo ao qual tive ocasião de acenar, referido no capítulo XXV de Mateus: Famintos, sedentos, despidos, vagabundos, doentes, presos; uma escala que conduz o meio animal da essencial necessidade física à necessidade essencialmente espiritual; o preso não tem necessidade nem de alimento, nem de roupas, nem de casa, nem de medicamentos; o único remédio, para ele é a amizade. As pessoas não sabem, tampouco os juristas, que aquilo que se pede ao advogado é a esmola da amizade antes de qualquer outra coisa” (CARNELUTTI”

Sendo assim,  além da coragem, o exercício  da advocacia é um sacerdócio de poesia, como bem coloca Francesco Carnelutti:

“Qualquer um dirá que eu vejo assim a advocacia sob o perfil da poesia. Pode ser. A poesia do seu ministério é qualquer coisa que um advogado sente em dois momentos da vida: quando veste pela primeira vez a toga ou quando se mesmo não a depôs, está para depô-la: ao amanhecer e ao entardecer. Ao amanhecer, defender a inocência, fazer valer o direito, fazer triunfar a justiça: está é a poesia. Depois, pouco a pouco caem as ilusões, como as folhas da árvore, depois do fulgor do verão, mas, através do emaranhado dos ramos cada vez mais despidos, sorri o céu azul (…) Malgrado os insucessos, as amarguras, os desenganos, o balanço é ativo, se destes faço a análise me dou conta de que a ocasião capaz de suprir todas as minhas deficiências consiste justamente na humilhação de dever-me encontrar, ao lado de tantos desgraçados, contra os quais se lança o vitupério e se açula o desprezo, sobre o último degrau da escada. (CARNELUTTI)”

Por tanto, hoje 11 de agosto, e durante todos os dias do ano, vale sempre lembrar que o advogado não é um simples prestador de serviço, mas é aquele que  tem o chamado em seu nome que soa como um grito de ajuda, “Advocatus, Vocatus ad” (ad = para junto, e vocatus = chamado), é o único capaz de ficar ao lado do cliente, dando algo tão valioso quanto a sua liberdade, que é a esperança.

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